Abril 22, 2020

Como as crianças sentem a quarentena?

Como as crianças sentem a quarentena?

O período de quarentena tem sido desafiante para todos. E para quem está em casa com as crianças certamente os desafios se ampliam, uma vez que além de lidar com suas próprias emoções os adultos precisam lidar com as emoções das crianças.

Um dos efeitos que surgem em situações de reclusão é a alteração de humor. E isso tanto adultos quanto crianças experimentam. Em relação aos adultos, alguns sentimentos que já estavam presentes em sua vida podem se intensificar. Por exemplo, se uma pessoa já tende a ser apreensiva e ansiosa, nesse período provavelmente buscará mais informações que aumentem seus sentimentos de angústia. Uma pessoa que costumava ser preocupada em excesso com a higiene, agora tenderá a exacerbar ainda mais esse comportamento.

Para muitos adultos essa quarentena tem provocado maior preocupação, insegurança, medo e estresse. Para todos tem sido um período de instabilidade. Os sentimentos que oscilam como em uma montanha-russa não podem ser negados e precisamos olhar mais para isso com muita paciência. É importante que reconheçamos que isso é totalmente natural em períodos como esse.

Mas e as crianças? Elas entendem o que está se passando? Elas têm sentimentos em relação a isso? Sim, as crianças são muito inteligentes e sentem os efeitos da quarentena de modo particular. Provavelmente, desafios diários devem estar surgindo em casa. Para elas, essa montanha-russa de emoções conflitantes também existe.

As crianças pequenas têm uma sensibilidade maior e se conectam mais ao que os adultos sentem e demonstram. Por isso, também é fundamental nós, adultos, cuidarmos de nossa saúde emocional, já que ela influencia todos que estão com você em casa e, principalmente, seu(ua) filho(a). Assim, se o adulto estiver muito angustiado, a criança tende a se influenciar com esse sentimento e também ficar agustiada. Outro ponto fundamental é que assim como os adultos, as crianças também estão em “isolamento”. Não podem encontrar seus amigos da Baby House, seus educadores e muitos daqueles que amam, como seus avós, por exemplo. Além disso, muitos estão sem espaço ao ar livre para brincar e explorar livremente.

Em relação a essas privações as crianças externalizam de diferentes maneiras. A tendência é que haja mais choro, birra e alteração no apetite. E que o chamado tédio se configure em birras e, algumas vezes, em dificuldade de dizer o que desejam, ficando irritadas com tudo a sua volta. Tudo isso é natural que demande mais dos adultos, que também já estão fragilizados. Ao mesmo tempo, é importante atentar que isso está misturado com a alegria de poder estar mais com o papai e a mamãe. Entender isso é importante para que possamos ajudá-los.

Se a criança tem vontade de chorar, é importante permitir isso. O choro não é necessariamente algo negativo, pois permite o esvaziamento do que está pesado dentro de nós. É uma forma de colocar para fora. É importante não abafar os sentimentos das crianças, trazendo palavras e acolhimento em situações em que ela está com dificuldades para escutar e entender.

Uma forma de ajudá-las a lidar com essas emoções é nomeando-as, para que ela própria aos poucos vá compreendendo. Por exemplo: “Eu sei que você queria estar brincando em outro espaço com seus amigos, passeando, indo visitar o vovô e a vovó, mas agora nós não vamos poder porque precisamos cuidar da saúde e ficar em casa. Mas isso vai passar e logo você vai poder voltar para a Baby House, passear, ver o vovô e a Vovó e tudo o mais.”.

É importante também explicar para as crianças o que está acontecendo, bem como o porquê de não estarem saindo como antes. Escutar o que a criança sabe ou imagina é uma boa estratégia para começar a conversa. Mas evite omitir o que está acontecendo, ao mesmo tempo que é necessário tomar cuidado para não assustá-las, desencadeando medo. É importante dar uma explicação sobre isso, enfatizando que em casa elas estão mais protegidas e seguras neste momento e que logo poderão voltar à escola, visitar seus amigos e familiares, assim como dar um abraço bem apertado em cada um.

Sabemos que esse contexto não mudará nos próximos dias, já que temos previsto mais um tempo em quarentena. O que pode mudar é a nossa forma de lidar com esse tempo. Mas para isso, é fundamental  ter em mente que isso vai passar. É importante olhar para os desafios, inclusive com as crianças, e poder dar um novo significado, ou seja, proporcionar uma memória afetiva positiva. Procurar inclusive motivos para comemorar, avanços que tem acontecido em casa, aquilo que a criança tem conseguido fazer e a aproximação entre vocês que agora está tão intensa.

Escolham alguns momentos do dia para brincar e estar realmente juntos. Não será possível a todo momento, mas com certeza também é possível ter momentos prazerosos mesmo em meio ao caos. Aqui, neste canal da Baby House, temos procurado trazer várias sugestões para dar este apoio. Como contações de histórias, pois o faz de conta as ajuda muito a se conectar com sua imaginação e pode ser uma forma muito intensa de alívio das emoções.

E lembrem-se de reconhecer que vocês estão dando o seu melhor durante uma situação complicada e atípica. Assim como as crianças precisam de momentos para poderem correr, pular, fazendo coisas que antes não era necessário fazer dentro de casa, os adultos também precisam de um momento só seu, de relaxamento e alívio para o estresse. Tentem cultivar a parceria em casa, escolhendo momentos de partilha entre todos e momentos em que se revesem para acompanhar as crianças.

Nós da Baby House continuamos aqui, com o desejo de que possamos vivenciar esses momentos da melhor forma, que isso passe em breve e que logo possamos estar juntos novamente! Vocês não estão sozinhos!

Um grade abraço!

De toda a equipe da Baby House!